Quando a TV digital foi lançada em São Paulo, no fim do ano passado, prometia várias novidades para o espectador. Infelizmente, poucas delas estavam realmente disponíveis. As emissoras apostaram suas fichas na alta definição, que oferece imagem com qualidade seis vezes maior que a TV analógica. Parece que não foi suficiente para convencer os consumidores, pois as vendas se mostraram pequenas até agora, chegando a algumas dezenas de milhares.Este mês, começa a chegar ao mercado outra novidade da TV digital: a mobilidade. Ela vem no formato de televisores portáteis e celulares com recepção de TV aberta. Enquanto a alta definição melhorava uma coisa que o espectador já tinha - a imagem na sua casa, a mobilidade abre uma possibilidade que não existia com a televisão analógica: assistir aos programas em qualquer lugar, até mesmo em veículos em movimento."Apostamos mais na mobilidade e na portabilidade do que na alta definição", disse Marco Szili, diretor-geral da Tele System. A fabricante vende conversores (para serem ligados em aparelhos que não tem sintonizador digital), receptores para computador e, a partir desta semana, uma TV portátil chamada Pocket TV. Com preço de R$ 800 a R$ 900, o aparelho tem tela LCD de 3,5 polegadas e memória de 1 gigabyte (expansível até 2 gigabytes). Ele grava até cinco horas de vídeo e funciona como tocador de música e vídeo digital e visualizador de fotos. Szili preferiu não fazer previsões de vendas. "A expectativa é muito boa e otimista", disse o executivo. "É uma nova maneira de ver TV. As emissoras podem ganhar audiência em horários em que ela é hoje muito baixa." O mercado para o produto ainda é limitado pelo alcance do sinal de TV digital. A tecnologia foi lançada na Grande São Paulo e existem alguns canais no ar no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte."A venda de equipamentos de TV digital ainda está muito tímida", reconheceu Szili. "O único apelo hoje é alta definição, mas o público em geral ainda não viveu essa experiência. A mobilidade é mais fácil de comunicar." O televisor portátil, fabricado na Coréia, capta o sinal gerado para celulares. As emissoras transmitem em São Paulo um sinal especial para celulares, com o mesmo conteúdo do sinal para televisores grandes, desde dezembro, apesar de pouca gente saber disso. A Semp Toshiba promete para esta semana seu televisor portátil, chamado MPTV. Com tela de 3,5 polegadas, o aparelho vem com 2 gigabytes de memória, expansíveis a 8 gigabytes. Ele custa R$ 1 mil, grava TV, toca música e vídeo digitais, mostra fotos e textos e recebe o sinal de rádio FM. "O espectador pode programar o gravador escolhendo o programa no guia eletrônico", apontou Jairo Siwek, diretor de Mobilidade da companhia. A empresa também tem um celular que recebe o sinal de TV digital, chamado CTV41, vendido, por enquanto, pela Vivo. "A TV está deixando de ser uma atividade coletiva e estática para se tornar individual e móvel. A percepção do consumidor é imediata. Em dois ou três anos, o celular que recebe TV aberta deve se tornar tão popular quanto o celular com câmera."O celular com TV aberta da Samsung chegou ao mercado há pouco mais de uma semana, nas lojas da Vivo. "Em alguns dias, estaremos em todas as operadoras", disse Oswaldo Mello Neto, diretor de Telecomunicações da Samsung. O aparelho custa de R$ 1 mil a 1,4 mil, dependendo do plano do cliente. "Percebemos que existe uma surpresa grande do usuário com o aparelho. Colocamos o celular do lado de uma televisão em nossa loja e as pessoas se surpreendem ao ver que é a mesma imagem."Segundo Mello, muita gente se sente surpresa ao saber que é possível assistir à televisão no celular sem ter de pagar nada, que o sinal é aberto como o que é recebido pelos televisores. "Para quem trabalha no mercado de tecnologia pode parecer óbvio, mas, para o consumidor, não é tão óbvio que o serviço é gratuito."A Samsung está animada com o celular que recebe TV e planeja lançar mais um ou dois modelos este ano, para outros públicos. "Acho que a popularização desse tipo de aparelho vai acontecer muito rapidamente aqui no Brasil", disse Mello. "Assim que houve a definição do sistema de TV digital no País, já começamos a trabalhar com a matriz nesse aparelho. O consumidor brasileiro tem uma relação muito forte com a TV aberta. Existem hoje mais casas com televisão do que com refrigerador."Outra grande novidade da TV digital, a interatividade, poderá ter grande impacto no mercado , mas ainda não está disponível. A maioria das empresas acredita que chegada da interatividade ocorrerá até o fim do ano. Ela permitirá serviços parecidos com os da internet no aparelho de TV. Todo tipo de interação a que o telespectador tem acesso hoje por meio de um telefone fixo, celular ou a internet poderá ser feita pelo controle remoto.
Comentário do Grupo
A televisão portátil é mais uma evolução tecnológica que agrada a todos pois com certeza é vantagem para o consumidor que gosta de praticidade, é vantagem para o país que não fica atrás neste mercado e é vantagem para as emissoras de televisão que vão aumentar sua audiência, mas algo nós assusta nisto tudo.
Saber que talvez as relações sociais fiquem cada vez mais deixadas de lado. Hoje, as famílias não sentam a mesa para jantar, elas se reunem em frente a uma televisão. Hoje, as pessoas não tiram suas opiniões próprias, elas são influênciadas pela mídia essa mesma mídia que por meio da "televisão estática" causa tantas transformações e que agora vai se tornar móvel. Sim, a mobilidade é algo realmente incrível mas ficamos a imaginar todos com essa tecnologia nas mãos atravessando uma avenida assistido seu programa favorito sem olhar para as pessoas ao redor, sem sorrir para o vizinho, sem prestar a atenção na coloração do céu, sem "atinar" que a vida não é só ficção. Pois temos que admitir a televisão prende nossa atenção e esse poder nos assusta pois não sabemos como as pessoas vão reagir com tal tecnologia em seu poder. Claro! Tudo que é novo assusta só esperamos que as pessoas tenham bom senso e não se esqueçam de viver.